VÍDEO: com fila e promessa de economia, Restaurante Popular reabre as portas

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)

É bem provável que, nos próximos dias, a estreita Rua Dr. Pantaleão, que dá acesso à prefeitura de Santa Maria, volte a ter um fluxo maior de pessoas e, ainda, se tenha com frequência fila em frente a um prédio que fica em anexo à sede do Executivo municipal: o Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter. O local estava fechado desde março de 2016. De lá para cá, houve uma troca de governo _ saiu Cezar Schirmer (MDB) e entrou Jorge Pozzobom (PSDB) _, mas o problema persistia em não ter desfecho. Foram, nos últimos anos, três licitações desertas, problemas no telhado da estrutura e, inclusive, a busca por todas as documentações e licenças necessárias junto ao Corpo de Bombeiros. 

Situações que se desdobraram, inclusive, em prazos dados pelo governo municipal que não se concretizaram. O hiato deixou desguarnecida a população que tinha, naquele endereço, uma referência para se ter uma alimentação _ com qualidade nutricional _ a um preço acessível. O que fica bem evidenciado pelo relato de Bernardo Cardoso, de 35 anos, que hoje está desempregado.

Com dinheiro contado para passagem de ônibus, ele costuma vir de duas a três vezes por semana da Vila Maringá para o Centro para ver as vagas de emprego no FGTAS/Sine. Além disso, ele costuma fazer bicos de corte de gramas em casas da cidade, e, não raro, ficava sem fazer uma refeição por falta de dinheiro, contou à reportagem. Ontem, ele chegou na fila, próximo das 11h30min, e acompanhou o cerimonial da prefeitura (que durou por cerca de 40min): 

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_ Não sabia que ia ter tudo isso: banda e o prefeito falando. Mas eu, que tenho feito bico, agora vou ter como comer quando vier ao Centro. R$ 3 é tranquilo de tu te virar com um trabalho e dá pra conseguir. Quando eu trabalhava na Rio Branco, eu sempre almoçava aqui. A comida é muito boa. É bom que a prefeitura tenha resolvido isso. Vai ajudar muita gente que tem pouco dinheiro.

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Se o problema é falta de dinheiro e fazer economia, em tempos de recessão e de escassez de trabalho, Romulo Fialho, 29, diz ter expertise no tema. No quarto emprego em menos de dois anos, o jovem, que é técnico em Contabilidade, afirma que "aprendeu a economizar na marra": 

_ Eu procuro economizar em tudo. E no prato e no mercado é onde o bolso sente mais. Com a volta (do restaurante), já tenho uma economia considerável. Sem dizer que vou seguir com mais dinheiro no bolso. É uma economia com uma refeição de qualidade. Vou estar sempre aqui. Tem gente que fica com vergonha de vir aqui, eu não.

O PRIMEIRO PRATO
O Restaurante Popular deveria ter aberto, hoje, às 11h30min, mas em função da solenidade _ que contou, inclusive, com a banda da Brigada Militar e com discursos de políticos _, o almoço foi servido pontualmente ao meio-dia. O primeiro a garantir a refeição a um preço de R$ 3 _ que tinha no cardápio arroz, feijão, frango assado, massa com bacon, alface e couve refogada _ foi o aposentado Luiz Carlos Fripp, 74 anos, que mora no centro da cidade e que já frequentava o restaurante antes do fechamento. 

_ Por R$ 3, não dá pra reclamar e dizer que é ruim. É o que o preço oferece. Eu que ganho só um salário mínimo (R$ 998) e que gasto muito com medicamentos, vou ter uma economia no bolso _ projeta o idoso, que ainda comprou separadamente sobremesa (arroz de leite) e suco (polpa de manga).

FUNCIONAMENTO
O restaurante tem capacidade para 720 pessoas, porém, serão servidas até 500 refeições por dia. O funcionamento será de segunda a sexta das 11h30min às 13h30min, com almoços no valor de R$3. Suco e sobremesa são vendidos separadamente.